Inflação alta: consequências para o comércio internacional
- Atlântica Consultoria Internacional
- 21 de abr. de 2022
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Entenda as razões da inflação estar em alta e como isso afeta a relação do Brasil com o comércio internacional.
A inflação foi motivo de preocupação no Brasil no final de 2021. E 2022 não começou de forma diferente. Fatores internos e externos têm contribuído para que a inflação permaneça alta. As tensões geopolíticas, a reabertura de mercados após restrições sociais e os problemas climáticos são alguns impulsionadores para que a situação permaneça estagnada.
Por que a inflação está tão alta?

A junção de fatores internos e externos têm contribuído para manter a inflação nas alturas. No que se diz respeito a fatores externos, o aumento nas tensões militares entre Rússia e Ucrânia reverberam no mundo, influenciando o mercado interno brasileiro em setores de câmbio, alimentos e combustíveis. Isso acontece porque a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo e o terceiro maior produtor, de modo que o preço do barril do petróleo continua subindo consideravelmente tendo chegado a U$100,00. Assim, o setor de combustíveis no Brasil já sofreu reajustes para balancear este aumento. O conflito também atua diretamente na alta dos preços do trigo e do milho, já que os dois países envolvidos são grandes exportadores no mercado destas duas commodities. Esse crescimento afeta também o valor das carnes, uma vez que servem de alimento para o gado bovino.
Além disso, o mundo enfrenta a recuperação de um período de pandemia, adequando-se e retornando ao que era antes. As demandas globais cresceram e algumas zonas portuárias e industriais chinesas ainda não estão funcionando normalmente. Ocasionou-se assim um aumento nos valores dos industrializados e nos fretes, que passaram a levar mais tempo. As preocupações não parecem diminuir e, neste primeiro trimestre de 2022, a China enfrenta um novo lockdown decorrente da crise da Covid-19, com a circulação de pessoas restrita e trabalhos reduzidos. Assim, o crescimento econômico do país pode ficar abaixo da meta estipulada.

foto: Juninho Nogueira/Divulgação
Em relação às questões internas, os problemas climáticos como a seca no Sul do país e enchentes em Minas Gerais e no Nordeste tiveram grande influência na inflação. As chuvas excessivas e seca ininterrupta fizeram com que a agricultura e colheita fossem prejudicadas, acarretando na elevação dos preços dos alimentos. Ademais, o país enfrentou também uma crise energética, ocasionando aumento no valor de todas as fontes de energia. O impacto desse aumento é muito mais percebido e significativo para o comércio, já que grande parte dos gastos fixos dos estabelecimentos como supermercados, açougues e hotéis provém da energia elétrica. Para além das questões alimentares e energéticas, a proximidade da nova eleição presidencial também se traduz em incertezas. Os gastos públicos com as campanhas eleitorais aumentaram e os reajustes são pedidos em diversos Ministérios e setores de servidores públicos. Esses gastos acabam por estabilizar a taxa de empregabilidade baixa e investimentos, além de não ser atrativa para investidores externos.
A inflação e o comércio internacional

Comparativamente, a inflação que hoje atinge o país está muito mais relacionada com o aumento dos preços dos produtos e pela alta do dólar. Por outro lado, nos Estados Unidos e na Europa a inflação se molda pelo crescimento do consumo da população. Assim, dizemos que o Brasil vive uma “inflação de oferta”, e, visto que a quantidade de desempregados e pessoas em trabalho informal é elevada, o consumo é ainda mais prejudicado.
Todas essas questões acabam prejudicando a economia e as previsões do setor. Segundo um relatório liberado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB do Brasil crescerá apenas 0,29% no ano de 2022. Entre as 15 economias revisadas pelo FMI, o Brasil foi o que esteve em maior queda na previsão de crescimento.
Contudo, a desaceleração de economias previstas pelo fundo não é exclusividade do Brasil. O órgão prevê uma redução de crescimento de cerca de 143 economias neste ano, representando 86% do PIB global.
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