Saiba mais sobre quem são os candidatos, quais são as suas propostas e como tudo isso pode atingir o Brasil futuramente
Uma França apreensiva devido aos conflitos recentes entre Rússia e Ucrânia agora precisa manter o foco no futuro de seu próprio país. Isso porque o primeiro turno das eleições presidenciais francesas acontece neste domingo, dia 10 de abril. Dentre os doze candidatos totais, apenas quatro se destacam nas pesquisas eleitorais mais recentes: o atual presidente Emmanuel Macron, considerado de centro, Marine Le Pen e Eric Zemmour, de extrema-direita, e Jean-Luc Mélenchon, de extrema-esquerda.
Neste artigo você irá conhecer um pouco mais a fundo sobre os candidatos na disputa pela presidência desta potência europeia e também entender como as políticas externas de cada um poderiam afetar o nosso país no futuro. Assim, o seguinte texto será dividido em 2 partes:
Quem são os candidatos e suas propostas?
Como os resultados dessa eleição podem afetar o Brasil?
Ficou curioso? Então segue com a gente nessa leitura!
Quem são os principais candidatos e suas propostas?
Emmanuel Macron - O atual presidente da França desde 2017, tem 44 anos e é membro do partido liberal “República em Marcha” que atrai eleitores tanto de direita quanto de esquerda. Macron tem formação em Filosofia, Ciência Política e Administração. Centrista, ele é um forte defensor da União Europeia e tentou liderar esforços diplomáticos para evitar a guerra na Ucrânia, o que foi bem visto internamente pelos franceses. No mês de janeiro deste ano, a França registrou o crescimento econômico anual mais forte em meio século, com forte recuperação após a pandemia do Covid-19, fato que pode favorecer mais ainda a campanha de Macron, que está isolado em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto com 28%.
Dentre as principais propostas do governo, Macron afirma querer atingir a neutralidade de carbono em 2050, reduzindo a dependência de gás e petróleo, impulsionando sua principal fonte de energia atual: a nuclear. Também propõe a criação de um imposto a nível europeu sobre as importações de produtos com emissão intensiva de carbono e desenvolvimento de centrais de reciclagem. Outro ponto chave para o segundo mandato é o desejo de independência dos setores agrícola e industrial.
foto por EFE/EPA/THIBAULT CAMUS
Marine Le Pen - Principal concorrente de Macron e forte candidata a ir para o segundo turno, Le Pen conta com cerca de 21% das intenções de voto. Formada em Direito, tem 53 anos e é dirigente do partido conservador de extrema-direita mais tradicional da França, o “Reagrupamento Nacional”. Tentando passar uma imagem mais moderada, Le Pen, que era tradicionalmente crítica à União Europeia, evitou dar declarações muito polêmicas a respeito do bloco, no entanto afirmou o desejo de mudar a moeda utilizada no país. A mudança de postura da candidata fez com que ela perdesse parte de seus apoiadores de direita para Eric Zemmour.
Dentre as suas principais propostas, Le Pen propõe fortalecer os setores agrícolas, aumentar o número de "abatedouros de proximidade" e instaurar uma etiquetagem geral com a origem dos produtos. Na questão meio ambiente a proposta é construir três novas usinas nucleares, por fim a todos os projetos de energia eólica e solar e subsidiar a substituição de aquecedores a óleo e investir na agricultura orgânica.
foto por CHARLES PLATIAU/REUTERS
Jean-Luc Mélenchon - Único candidato de esquerda entre os líderes nas pesquisas, Mélenchon tem 70 anos e é Deputado Nacional desde 2017 pelo partido de extrema-esquerda “França Insubmissa”. Formado em licenciatura em Filosofia e Letras, ele tenta juntar a esquerda francesa após decadência nos últimos anos.
Entre suas principais propostas de governo Mélenchon afirma que deve aumentar a progressividade dos impostos e reduzir os sobre produtos de necessidades básicas, tirar a dívida pública "das mãos do mercado financeiro" e relocalizar na França a produção de "produtos essenciais". Na Agricultura, propõe criar 300 mil novos empregos no campo, investindo em práticas ecológicas, proibir práticas cruéis de tratamento animal e limitar mais a utilização de pesticidas e agrotóxicos. E na questão ambiental, baixar em 65% as emissões de gases do efeito estufa até 2030, atingir autonomia energética com 100% de fontes renováveis até 2050, abandonar a energia atômica, proibir voos de curta distância e investir em trens e abolir a obsolência programada.
foto Jean-Luc Mélenchon/Twitter
Éric Zemmour - Nacionalista, contrário a imigrantes e a muçulmanos, o polêmico jornalista formado em Ciência Política é presidente do partido de extrema-direita “Reconquista”. Segundo Zemmour, a França estaria em decadência e os principais culpados por isso seriam os imigrantes. Diante de várias declarações polêmicas, ele acabou atraindo parte dos eleitores de Le Pen, mas acabou caindo nas pesquisas após dizer admirar Vladimir Putin.
Entre as suas principais propostas quanto à questão da agricultura está dar 10 mil euros às famílias por criança nascida em zonas rurais, incentivar a formação de novos agricultores e robotizar a produção para não depender de mão-de-obra estrangeira. Na economia ele pretende reduzir impostos corporativos, criar zonas francas industriais, se opor a novos acordos comerciais internacionais e reduzir o imposto sobre heranças. E quanto a questão ambiental, construir 14 novos reatores nucleares e investir em reciclagem, não investir em usinas eólicas, autorizar a caça esportiva e expandir a malha ferroviária, mas sem restringir o uso de carros.
foto por EFE/EPA/ BERTRANDT GUAY
2. E como os resultados dessa eleição podem afetar o Brasil?
De acordo com Patrick Sabatier, presidente da Câmara de Comércio França Brasil, segundo dados de 2020, a França é o terceiro maior investidor direto do Brasil e a parceria entre os dois países estaria ancorada em mais de 1 mil empresas de origem francesa com negócios em solo brasileiro, além de mais de 37 bilhões de dólares investidos pelos franceses no país. Além disso, o Brasil é o principal parceiro econômico da França na América Latina, portanto, qualquer resultado que interfira politicamente nas relações entre os dois países pode sim afetar o nosso país de alguma forma.
O atual presidente Emmanuel Macron não esconde que a relação entre os países já teve dias melhores e que se for reeleito parece que as coisas continuarão na mesma. Declarações polêmicas do atual presidente do Brasil Jair Bolsonaro estremeceram as relações com o presidente francês. Além disso, determinado a não firmar acordos comerciais com países que desrespeitem o Acordo de Paris sobre o Clima, Macron insiste na necessidade de ampliar a cooperação para a preservação da Amazônia. Inclusive, desde 2021 o país europeu não importa mais a soja brasileira fruto do desmatamento.
Já a candidata Marine Le Pen, embora seja de um partido de extrema-direita, também não pretende ter sua imagem atribuída ao presidente Bolsonaro, pois segundo uma declaração, ela não concorda com os posicionamentos do mesmo. Defensora do patriotismo e de fortes medidas protecionistas, Le Pen não é a maior fã da globalização, o que poderia prejudicar futuros acordos estrangeiros. Ela também pretende investir nos setores agrícolas e em fontes energéticas para que a França se torne ainda mais independente de países como o Brasil.
O outro candidato de extrema-direita Eric Zemmour é o que mais tem chances de não se negar a mediar negociações com o presidente brasileiro, devido à proximidade de pensamentos e atitudes de ambos. No entanto, assim como Le Pen, o igualmente patriota se opõe a fazer novos acordos internacionais e deseja mais autonomia à França em todas as questões, o que pode não ser muito vantajoso ao Brasil.
Já Jean-Luc Mélenchon, por ser de esquerda radical, acaba se afastando bastante do viés político atual do nosso país. Em 2019, Mélenchon chegou a chamar o presidente Bolsonaro de hipócrita ao falar de um suposto tratado de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul. Assim como os outros candidatos, ele também pretende investir na agroindústria francesa e atingir a autonomia energética. Questões ambientais são prioridade para o candidato, portanto, se eleito, o Brasil deverá se manter atento aos acordos climáticos se quiser negociar com a França.
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